[Resenha] O médico e o monstro: a dualidade do ser humano.


"Hyde destruía tudo de que não gostava; rabiscava meus livros, escrevia frases pecaminosas nas páginas religiosas que eu tanto apreciava. Se eu não temesse tanto a morte , teria destruído esse homem há muito tempo." (Stevenson, O médico e o monstro, p.30)

O médico e o monstro se qualifica como uma história de terror e suspense, para entreter, mas acaba por ai? O autor da obra, Robert Louis Stevenson, traz a tona uma questão intrigante: será mesmo que todos convivemos com duas pessoas dentro de uma? Antes de tudo, a sinopse:

"As suspeitas começaram quando Mr. Utterson, um circunspecto advogado londrino, leu o testamento de seu velho amigo Henry Jekyll. Qual era a relação entre o respeitável Dr. Jekyll e o diabólico Edward Hyde? Quem matou Sir Danvers, o ilustre membro do parlamento londrino?
Assim começa uma das mais célebres histórias de horror da literatura mundial. A história assustadora do infernal alter ego do Dr. Jekyll e da busca através das ruas escuras de Londres que culmina numa terrível revelação."

Há pesquisas que afirmam que todos temos nosso lado "monstro", e sinceramente? concordo! Quem nunca teve pensamentos maus ou egoístas que só a fato de colocar em palavras envergonha-se? A mente humana é um mistério, e o livro O médico e o monstro não faz nenhuma questão de desvendar esses mistérios, mas abrir a mente do leitor para esse lado nosso, escondido tão bem que a maioria nem acredita ter.

O livro foi lançado em 1886 e sua temática é tão nova quanto era naquela época. O mistério só é resolvido ao final do livro e enquanto a narrativa - que é dada por várias vozes dentro do texto - acontece, o leitor é levado à este ambiente de tensão a descobrir aos poucos quem é Hyde e quem é o doutor Jekyll. O virtuoso e cheio de honra Dr. Jekyll.

Existe algo chamado "Ato falho", aprendi no segundo ano do ensino médio, que é quando sem querer, falamos algo que de maneira nenhuma deveríamos expor. Tudo o que está no nosso inconsciente aflora, em algum momento, de alguma forma. Na maioria das vezes é sempre em sonho, afinal, não há como evitar sonhar, e os nossos desejos mais pronfundos vêm a tona enquando dormimos. Se por acaso tenho um segredo muito bem guardado, não adianta tentar privá-los de tudo, ao menos em sonho ele irá me perseguir. O Dr. jekyll tem uma maneira muito interessante de colocar pra fora tudo aquilo que ele mais quer (ou não) e que reprime dentro de sí. No excerto da obra (láá em cima), o Dr. Jekyell afirma amar as obras religiosas de que dispôe mas que o Hyde escreve coisas pecaminosas. Será mesmo que só Hyde que se diverte escrevendo isso? Stevenson quer passar que são duas pessoas que vivem em um, mas que são intrinscicamente uma única pessoa.

Será que há meios de lutar contra esse lado "Mau"? O que acontece ao Dr. Jekyll e ao Hyde? Que fim o fabuloso escritor Robert Louis Stevenson dá aos seus personagens? Só há uma maneira de você conhecer na íntegra, lendo. Aproveite que as férias estão aí e mergulhe nesse mundo de místerio, terror, suspense e umas gotas de psicanálise (que estão escondidas, não se preocupe).
Então é isso galera, bom restinho de final de semana e boa leitura. Beijos!

"Todos somos meio loucos, a diferença é que uns escondem melhor que outros" - Johnny Depp

(STEVENSON, Robert Jekyll, O médico e o monstro. Adaptação de Ana Carolina Vieira Rodriguez. 1ªed. São Paulo: Rideel, 2003.)

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